domingo, outubro 01, 2006

Do Collor

O maior presidente do Brasil foi Fernando Collor.

Imagine um presidente que consiga convencer o povo brasileiro a apoiar um projeto de redução do tamanho do Estado. Imagine um candidato que consiga se eleger com o discurso de abertura econômica para a melhoria da qualidade dos bens consumidos no país. Imagine uma figura política capaz de polarizar todo o país - tanto o Brasil pobre como o Brasil rico - em torno de ideais de laissez-faire.

Alguém capaz de realizar a demissão em massa de funcionários públicos e a extinção de autarquias, fundações e empresas públicas; de reduzir tarifas de importação, de modo a fazer com que o Zé Fulano conseguisse comprar um carro novo, e não uma carroça. E, sobretudo, capaz de fazer essas coisas e arrancar lágrimas de esperança e admiração de donas-de-casa e senhores respeitáveis por todos os lares do país.

Não fosse por ele, poderíamos estar, até hoje, obrigados a usar os poderosíssimos computadores Cobra - e proibidos de importar softwares como o Office ou o Windows (afinal, se temos o Carta Certa, pra que usar o Word?). Não fosse por ele, o Brasil não seria hoje o país com maior número de montadoras instaladas - 22, ao todo -, e certamente não teria uma frota de automóveis com idade média semelhante à japonesa. Não fosse o absurdo e imbecilidade do Plano Collor...

Fazendo uso de discurso típico da esquerda tupiniquim, digo que escândalo do PC Farias deve ter sido sobrevalorizado, considerando o desinteresse sobre os crimes petistas e seus óbvios vínculos com o presidente Lula. Afinal, se, com mensalão, sanguessugas, vampiros e dossiê, a candidatura Lula permanece viável - e bota viável nisso -, então o impeachment do Collor só pode ter sido armação das elites reacionárias contra um presidente com idéias revolucionárias. A teoria conspiratória é facilmente elaborada: afinal, a abertura econômica representava um perigo para a indústria nacional, na medida em que esta dependia de protecionismo alfandegário para forçar o brasileiro a consumir um produto caro e de baixa qualidade.

Precisamos de um novo Indiana Jones dos trópicos.

1 Comments:

Blogger R.B. said...

Uma bela figura de nossa história.
Maior que sua genialidade, foi sua necessidade. Quase nunca reconhecida...

12:28 PM  

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